11 de abr. de 2011

Amnésia.

acho que já disse, não custa lembrar, andei pensando: eu não esqueço. de nada. e não adianta insistirem que a retrospectiva dois mil e agora, dois mil e quantos da rede globo de televisão venha para terminar o ano e permitir que dali se caminhe para outro: eu não esqueço.

isso da retrospectiva. acontece assim: mataram doze crianças numa escola do rio de janeiro. há uma semana? mataram quatro milhões de índios no brasil e mataram aquelas mulheres num parque, tinha o tal do maníaco do parque, e houve também uma menina, isabela ou isabella, e sempre haverá, sempre houve, quem se lembra?

mas vem a retrospectiva nos dizer que passou, vamos adiante, temos um ano inteiro pela frente para montar outra retrospectiva e o ano passará na tela da tua televisão de plasma em uma hora ou uma hora e meia, depende da audiência, de repente a gente edita e tira o que não importa.

o que não importa?

eu esqueci as escadas, sem esquecer as escadas. eu esqueci o telefonema no meio da noite sem nunca jamais ter esquecido o telefonema. eu esqueci a hora de entrar no carro, eu não queria entrar, eu entrei no carro, e isso já faz tanto tempo, eu não esqueço.

eu não esqueço de nada e não vou mendigar tratamento para esquecer, porque não existe, porque é roteiro de filme americano, porque deve haver um romance que trata disso, o mesmo que se utilizou pra fazer o filme americano, tanto faz.

acontece que eu não esqueço, mas não quero lembrar. quero ser inocente. quem lembra não o é. não que eu não queira esquecer, eu só não quero lembrar. talvez seja essa a síntese ou talvez eu tenha pensado numa síntese da qual não consigo recordar agora.

já ia avançado o dezembro naquele dois mil e hum já ia também naque le dois mil e vinte os dezembros se mpre têm disso: são somas de térm in...