se meu pai
tivesse mostrado o
manual de instruções
de como agir nas
situações difíceis
de como se despedir
sem rasgar-se
de como juntar os
pedaços
e comemorar
aniversários
então poderia culpar
alguém por ter me ensinado
tudo errado.
25 de mai. de 2016
das fotografias não
batidas nesta vinda
para o trabalho:
a rosa champagne
a umidade do orvalho
o cogumelo de hiroshima
na fumaça do meu cigarro
as caras das pessoas que
não queriam estar aqui
que não querem mais
nada
um termômetro ou
uma notícia de rádio
que anunciam
[em blumenau, 9
graus celsius
às 7 da manhã]
batidas nesta vinda
para o trabalho:
a rosa champagne
a umidade do orvalho
o cogumelo de hiroshima
na fumaça do meu cigarro
as caras das pessoas que
não queriam estar aqui
que não querem mais
nada
um termômetro ou
uma notícia de rádio
que anunciam
[em blumenau, 9
graus celsius
às 7 da manhã]
20 de mai. de 2016
daqueles tempos
posso dizer que
havia poeira na
garganta
os domingos eram
intermináveis
apresentadores
de tv inebriavam
senhoras solitárias
a gente tinha uns
planos secretos
a gente insistia
nos erros
e os apresentadores
de jornal
anunciavam dias melhores
a gente não acreditava
mas não tinha como
desmentir
a gente não acreditava
e esperava
esperava
esperava
daqueles tempos
posso dizer
daqueles tempos
ouso dizer
que o tempo nunca
passou
e aqueles tempos
são hoje.
posso dizer que
havia poeira na
garganta
os domingos eram
intermináveis
apresentadores
de tv inebriavam
senhoras solitárias
a gente tinha uns
planos secretos
a gente insistia
nos erros
e os apresentadores
de jornal
anunciavam dias melhores
a gente não acreditava
mas não tinha como
desmentir
a gente não acreditava
e esperava
esperava
esperava
daqueles tempos
posso dizer
daqueles tempos
ouso dizer
que o tempo nunca
passou
e aqueles tempos
são hoje.
5 de mai. de 2016
pelo menos a gente
tinha as propagandas
de cigarro:
o he rói
o deserto
os cavalos.
agora essa tosse
esse cansaço.
pelo menos
a gente esperava
que amanhecesse
que o ano passasse
que o brasil vencesse.
agora esse desatino
esse despreparo.
pelo menos
as manhãs de
domingo
as festas de
aniversário.
esse silêncio
inquieto
bem poderia
dar certo;
erra quem
repousa
sobre o correto
e ri na cara
do contrário.
tinha as propagandas
de cigarro:
o he rói
o deserto
os cavalos.
agora essa tosse
esse cansaço.
pelo menos
a gente esperava
que amanhecesse
que o ano passasse
que o brasil vencesse.
agora esse desatino
esse despreparo.
pelo menos
as manhãs de
domingo
as festas de
aniversário.
esse silêncio
inquieto
bem poderia
dar certo;
erra quem
repousa
sobre o correto
e ri na cara
do contrário.
sempre a certeza de
encontrar meu pai
ali sentado, cigarro aceso
ali os olhos azuis
encarando o mundo
sem grandes desafios.
a olhar o rio
como quem aguarda
"hoje não chove mais,
o vento levou a trovoada".
[certeza passa a ser
palavra ignorada:
o ontem não volta
o antes de ontem
também não volta
restam somente
umas lembranças
redesenhadas]
o café esfria
rápido no inverno.
e não tenho como
te esquentar
se não te acostumas
com meias de lã.
encontrar meu pai
ali sentado, cigarro aceso
ali os olhos azuis
encarando o mundo
sem grandes desafios.
a olhar o rio
como quem aguarda
"hoje não chove mais,
o vento levou a trovoada".
[certeza passa a ser
palavra ignorada:
o ontem não volta
o antes de ontem
também não volta
restam somente
umas lembranças
redesenhadas]
o café esfria
rápido no inverno.
e não tenho como
te esquentar
se não te acostumas
com meias de lã.
eu queria mesmo era escrever um poema tranquilo, de horas a fio, que dissesse o que tem a dizer para quem quer que seja. eu queria escrever um poema sutil sobre a vida e a morte, sobre a gente, sobre aqueles anos todos que não sabemos em que tempo foi. eu queria escrever um poema de choro e soluço, de esperança, hoje tem sol de novo, o frio ainda não chegou. eu queria escrever um poema sincero sobre a gente. eu queria escrever um poema sobre a saudade. eu queria escrever um poema sobre a pressa. sobre o medo. eu queria escrever um poema desatento sobre toda nossa desatenção.
mas hoje não dá tempo. hoje não dá.
mas hoje não dá tempo. hoje não dá.
o frio não quer
nada da gente:
quer a gente
inteiros
desnudos
incertos
confusos.
o frio nos
quer cedo
pela manhã
observando
pensando
em outras
manhãs
pensando
em outros
invernos
que ainda
não passaram
que ainda
tardam chegar.
o frio não quer
nada da gente:
quer a gente
entre seus dentes
eu te digo:
vai chover,
vai ventar
não há
saída sabida.
esquentar parece
promessa,
mas faz parte da
farsa
faz parte
da mesma
mentira.
nada da gente:
quer a gente
inteiros
desnudos
incertos
confusos.
o frio nos
quer cedo
pela manhã
observando
pensando
em outras
manhãs
pensando
em outros
invernos
que ainda
não passaram
que ainda
tardam chegar.
o frio não quer
nada da gente:
quer a gente
entre seus dentes
eu te digo:
vai chover,
vai ventar
não há
saída sabida.
esquentar parece
promessa,
mas faz parte da
farsa
faz parte
da mesma
mentira.
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