24 de jun. de 2019

no prédio em frente,
as diaristas trabalham
arduamente para manter
limpas e perfumadas
as roupas, as coisas

são mulheres negras,
são mulheres brancas
estendendo roupas na sacada,
batendo tapetes, mantendo limpos
os cômodos, o ambiente

trabalham tanto, mas trabalham
menos que o patrão, a patroa,
que lhes pagam o suor escorrido
com o muito suor contido
em escritórios refrigerados

as mulheres trabalham e limpam
e se arcam e se cansam e se quebram
e se revigoram com a volta pra casa
nos ônibus lotados de fim de tarde
para encontrar suas crianças

ali, no entanto, nas sacadas, mantém
o dever cumprido: limpando frestas
limpando os cantos para que a patroa
e o patrão possam chegar em casa e
descansar

enquanto assistem ao jornal nacional
e reclamam dos péssimos caminhos
que têm tomado esse país que agora
parece voltar aos trilhos, logo deixam
de exigir carteira assinada

para a faxineira.

[05/02/2019]

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