a gente finalmente esquece
um pouco do calor esquece
um pouco do terror das 3 da
tarde ou das 8 da noite
finalmente vem um vento fresco
e úmido para nos colar na alma
e de agora em diante já que o
outono é a porta para o inverno
finalmente a gente espera passar
os dias entre lâmpadas frias
a lâmpada do ônibus as lâmpadas
da repartição de novo ônibus
em fim de tarde e as lâmpadas
do apartamento nos fazendo
recordar que há luz no sexto
andar há luz sempre que se
apertar o interruptor
embora não haja luz no fim
do túnel e decerto não haja
luz no fim do inverno.
agora que ficou cinza
a gente espera o azul do inverno
nos colar o frio nos ossos
rachar a pele rachar os lábios
e trazer todas aquelas recordações
de invernos de antes de frios antigos
algo que nos esquente que não seja
conhaque e que seja quente como
o fogo.
todo outono nos reverá
o que de pior trazemos
o que de melhor trazemos
isso que somos nós mesmos
e que não passa nunca.
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