18 de nov. de 2013

Poema pra limpar a bunda

Direto da prateleira do mercado,
marcado com o preço dos mais caros.
Alvo, perfumado e macio
(além de mascarado);
sobretudo despreocupado,
sobretudo vazio.
Mas quem disse? Serve para
limpar a pele e o plástico do
bacio.
Leve tanto quanto vadio.
Surdo, que não ouve meus reclames.
Mudo, por falar sem dar um pio.

Nada de poema umedecido
com cheiro de talco, de salto alto
e juvenil:

é necessário que diga a verdade
mesmo que a verdade se encontre
no fundo do rio.

é preciso o poema da urgência
das noites de tristeza e frio
(que sirva a quem quer que seja,
sem lugar e hora marcados,
sem norte ou algum outro lado)

que seja água para os afogados
espalhe merda pra todos os lados.

já não preciso do poema sutil
que sirva só pra limpar o meu rabo.

12 de nov. de 2013

Quase-cantiga

Os teus olhos não te
dizem das agruras
deste mundo.

Que loucura acreditar
no que a boca não te diz.

; se o faz, faz bem assim:

entredentes para não ter que dizer.

salivante pra fazer acreditar.

Mas quem, cego,
finge que consegue ver

E quem, cético, parece escutar

, solte o coração ao vento esperando
que ele mude
- o coração. Que o vento só tem mesmo
é que ventar.

já ia avançado o dezembro naquele dois mil e hum já ia também naque le dois mil e vinte os dezembros se mpre têm disso: são somas de térm in...