— E quanto a nós?
— É isso, horas.
— Isso, só?
— Depende. Pode ser muito, até.
(Silêncio)
— Falo de amor, sabe?
— Amor é muito grande pra isso.
— Pra isso?
— É, pra gente.
(Silêncio)
— Mas tu está apaixonado, pelo menos?
— Não.
— E sexo sem paixão, o que é?
— É isso que acabamos de fazer.
— Seu cretino.
(Silêncio)
— Não entendo. Não me ama nem está apaixonado. Duvido.
— Não te amo e paixão não existe.
— Como assim? Claro que existe. As pessoas se apaixonam.
— Paixão é uma forma irresponsável de estar junto. Pra não dizer que ama, porque não pode ou não consegue, porque soa sério, se diz que está apaixonado. É uma forma de enganar e ser enganado sem precisar assumir isso.
— Isso?
— Isso de ser enganado.
— Não se fica junto de verdade sem amar, tu quer dizer?
— Sim.
— E por que a gente está junto?
— Desde quando?
(Silêncio)
— E quanto ao amor?
— Não sei.
— Não sabe o quê?
— Se existe.
— E se eu te provar.
— Não consegue.
— E se tentar?
— Não precisa.
— Vou embora.
— Fecha a porta, por favor.
(Silêncio).
27 de mar. de 2009
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10 comentários:
A prova de que não importa a beleza da combinação das palavras: o silêncio é sempre maior. (Neste caso, não sei o que é mais triste, se a cena ou a transcrição dela).
curti a parada acerca da paixão.
Também gostei, Rodrigo. Na real, esse era o meu mote.
Caralho! (silêncio) Eu não consigo dizer mais além disso. Serve? haha.
É uma resposta que chega à altura do que eu talvez tenha pensado quando terminei de escrever este.
Bããããããããã...
Ducaralho!
Gracias! :)
É.
Deixe-me aqui com meus cigarros e meu café com leite.
Isso é tão mais ou menos...
:P
Ô DDa, como é que tu veio chegar bem nesse aqui? :)
cheguei chegando.
E chega!
Rs.
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