16 de abr. de 2016

O filho da empregada, por Lucas Paraizo


O filho da empregada, por Iran Silveira

O "onde" de Marcelo Labes

“Só quem viveu foi que viu.”

Imagine um dos parágrafos-verso de Porque sim não é resposta, com suas três, quatro linhas, desenvolvido até o tamanho de um livro como o próprio Porque sim... E você terá uma boa ideia do que é O filho da empregada, obra recente de Marcelo Labes, escrita ano passado e que finalmente chega às mãos dos leitores em forma de papel.

Já nas primeiras páginas voltamos a enxergar no texto aquela cena arquetípica do poeta vertendo sangue nas folhas -- ou, neste caso, no teclado do computador. Intensidade é uma palavrinha importante aqui.

Não poderia ser diferente, vertendo fragmentos da própria vida. Coragem é outra palavrinha importante. Honestidade também.

O novo Labes é cheio de cenas emocionais, como a mãe e o filho pegando o ônibus de manhã cedo, no frio, para ela ir trabalhar; a rotina da mãe com os patrões, onde o leitor empatiza com a personagem; o constrangimento da mãe diante do próprio filho na mesa de jantar; a discriminação das crianças ricas; e outras reminiscências, muitas vezes pungentes.

No lado mais racional, temos as ponderações do autor sobre os episódios citados; a narrativa da transformação do menino em homem; a quase hilariante, se não fosse séria, lei assinada por Médici e o autor; logo depois dessa lei, passagens filosóficas sobre religião, política e literatura; o surrealista direito de resposta dos patrões; e a réplica do filho.

Finalmente, um recado para o autor e amigo. Há um trecho que diz: "Onde é esse onde que se alcança depois de muito se esforçar?"

Aquele "onde" realmente não era o que ela dizia. Mas de um jeito muito mais valoroso, teu “onde” é tua obra, e nessa obra O Filho da Empregada ocupa um lugar muito especial. Traga mais dessas pra nós.

Iran Silveira, março de 2016

O filho da empregada, por Solano Lenfers

“Quem escreve, escreve para alguém ou alguma coisa, eu escrevo pra sair da merda!”

Essa foi uma das formas com que o Labes respondeu minhas perguntas. E após ler “O Filho da Empregada”, se consegue criar um esboço sobre essa questão. É uma leitura que se divide em definidas partes afetivas e profundamente íntimas, contesta também algumas relações sociais sobre o tema exposto, exemplificando sua inquietude sobre toda essa problemática; é permeado por rimas decorando seus próprios retratos, e determinado sarcasmo e acidez como desabafo ao que foi e ao que deveria/poderia ter sido.

Como sou leitor e amigo do Marcelo, foi impossível para eu ler sem ter lembranças de sua voz como uma narrativa na minha cabeça. É um livro, um poema, que se consome por vezes dentro de si, existindo trechos que levarão dias para que eu ainda os consiga digerir, mas que estão longe de serem indigestos. Trata-se apenas de se aprofundar numa reflexão ainda maior sobre as múltiplas possibilidades descritas e pertinentes ao tema.

“Foi o servilismo bastardo vivido por tantos anos que me fez desassossegar da condição de suburbano que precisa trabalhar duro para algum futuro que talvez não desse jeito de apagar tanto buraco no estômago, tanto disfarce incômodo:...”

Os entrelaçados momentos de afago poético aos gritos de descontentamento são provocativos e pertinentes em toda a leitura. Mergulhado num recorte de lembranças ele trás a tona sua infância que foi, é, e ainda será compartilhada por muita gente.

Eu me emocionei em muitos momentos da leitura, leitura essa que é também um exercício de empatia, de indagações, e ainda mais, de encantamentos. A lindeza retratada de que se pode haver poesia no cotidiano, por mais cinza, frio, molhado e sistematicamente duras vezes repetidas, nos faz olhar para ele com o colorido do teu sorriso farto, Marcelo. Nós fomos os convidados a desfrutar ao banquete de suas lindas páginas. Por ora, são essas as palavras.

Obrigado!

Solano Lenfers

O filho da empregada, por Nayara Brida


"Eram aproximadamente 5 horas da manhã e uma lua bem cheia lá fora, uma ansiedade forte num
apartamento silencioso e decidi sentar pra ler o livro "O Filho da Empregada", foi a melhor coisa que fiz.

Durante todo tempo senti que algo me acertava em cheio, o que eu descrevo como uma série de socos na boca do estômago, dolorosos, mas por algum motivo extremamente necessários. Constantes, certeiros, dolorosos, mas necessários.

O que foi ali escrito era golpe certeiro, mas também era acalento constante. Sentir que nesse caos todo, sentimos tanto, sentir o outro, os personagens que talvez num primeiro olhar não se pareçam em nada comigo ou com a minha história, mas que depois de uma leitura se mostraram tão familiares, nesse sentimento de deslocamento que nos atinge em cheio.

Fazer parte da antítese, ser de alguma forma parte desse processo me orgulha muito e dia 12 de abril tem lançamento".

Nayara Brida

já ia avançado o dezembro naquele dois mil e hum já ia também naque le dois mil e vinte os dezembros se mpre têm disso: são somas de térm in...