muito valiosos os radares os supercomputadores
a parafernalha que permite previsões climáticas
e meteorológicas com alguma precisão a despeito
de nosso amor incondicional por tragédias.
olha-se para o céu e já se distingue entre o cinza
o cinza-branco o cinza-chumbo e o cinza-deus-nos-acuda
como se não houvesse cor no mundo ou não quiséssemos
ver outra, mas veja:
a noite preta é que mais assusta. depois de o ribeirão levar
móveis
automóveis
imóveis
e as jóias de ouro de minha irmã ganhas de algum ex-namorado
a noite silenciava, nós com ela, em torno dum par de velas
: a trovoada tá rondando, a mãe dizia.
a noite tão absolutamente silenciosa que parecia dia
de velório de parente querido: barulho algum em nenhum
lugar.
as velas aqueciam e as histórias de outras chuvas
de outras cheias de outras noites pretas marcavam
a cera derretida a pele o coração
enquanto o pai tecia na fábrica
: a trovoada tá rondando, a mãe dizia.
a chuva que dava voltas
foi embora e nunca mais voltou a cair
- até hoje.
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