uma vez ouvi dizer que uma etnia
indígena que ignoro fazia armadilha
no caminho da anta, porque a anta
caminha sempre o mesmo caminho
(de manhã e à noitinha, o mesmo
caminho) então uma armadilha
certeira com pontas afiadas matava
a anta que andava no mesmo caminho
a anta no mesmo caminho pesada
correndo pesada correndo certeira
no mesmo caminho a anta morria
assassinada e servia de janta para
a aldeia.
taí uma boa metáfora pra uma noite
acidental de poesia que não houve
- nem poderia - porque agora vejo
que a gente anda sempre no mesmo
caminho atrás duma ponta afiada
que nos mate ou nos cegue ou nos
nada como a anta, coitada, se ela
ao menos tivesse podido olhar pro
lado se ela ao menos tivesse podido
optar.
no mesmo caminho.
a gente anda sempre no mesmo
caminho.
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