i.
sei que levas poemas nos bolsos
e nas pontas dos sapatos
puseste jornal a fim de calçar
com firmeza
sei também do teu medo de chuva
e não importa se o anúncio diz que
te tornas impermeável até os ossos
com essas botas
a chuva irá te molhar
o sangue irá escorrer
e quem diria que teu couro
seria sensível às garras
dum filhote de felino
ii.
perdi as contas de quantas
contas ainda restam pagar
e não importa: maus pagadores
se ensaboam na espuma das
boas intenções
iii.
sei de tudo isso: que as cartilagens
não resistem à gravidade: que sempre
esquenta antes de a chuva cair: que
o mar batia ali onde agora é asfalto
e tristeza
iv.
sei da umidade e do desconforto
sei de meridianos e melancolias
v.
deitei os quilômetros da rodovia
por onde não passas, não passarás
por isso te abraço este abraço de filho
(e me digo)
do filho que sabes que nunca terás.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
já ia avançado o dezembro naquele dois mil e hum já ia também naque le dois mil e vinte os dezembros se mpre têm disso: são somas de térm in...
-
homem, não te culpes se à hora da arrumação das coisas confundires as sacolas: saber o que deve ou não ir fora te exige demasiado, é questão...
-
conta tia male que naquele tempo não tinha ceia ou festejos muito acalorados, era uma noite como todas as noites, mas com um copo de leite c...
-
— E quanto a nós? — É isso, horas. — Isso, só? — Depende. Pode ser muito, até. (Silêncio) — Falo de amor, sabe? — Amor é muito grande pra is...
Nenhum comentário:
Postar um comentário