24 de jun. de 2019

i.
não há estatística que demonstre o número
de trabalhadores mortos em testes de submarinos
de guerra tanques de guerra armas de guerra e suas
relativas munições | enquanto consumidores diretos
e indiretos não chegamos a nos perguntar afinal
quem são os que foram usados de cobaias nos
testes dos referidos
artefatos
o que
nos leva à cruel dúvida de se o número de mortos
em guerras neste mundo não deveria ser multiplicado
por x a fim de alcançarmos a proximidade de um
número crível sobre quantos foram/serão os mortos
até agora nessa nossa rude história da humanidade
claro
sem esquecer
que
uma morte é sempre multiplicável pela quantidade
de dor que causa embora a comoção pública em tempos
de redes sociais nos mostre que a)generaliza-se a comoção
b) dura somente até o próximo momento | no entanto
se lidarmos com a questão dos trabalhadores mortos
e feridos em fábricas de armas em fábricas de mísseis
em fábricas de veículos blindados em fábricas de
fardamento militar talvez nos assustemos com o número
embora o tema não vá lá causar comoção alguma onde já
se viu comover-se com trabalhadores


ii.
(atentemos para o cenário:
para efetuar um disparo de canhão são necessárias
algumas pessoas, entre elas: 1) o engenheiro balístico
cuja função é calcular o ângulo do tiro; 2) os carregadores de peças
e munição; 3) o oficial, cuja função é gritar FOGO com
entusiasmo e na entonação adequada - diz-se que
o cinema de hollywood ensina melhor do que a própria
guerra mas isso são por enquanto meramente boatos)

iii.
se insistíssemos que não devemos nos lamentar
por mortos em fábricas que produzem maneiras
de morte - coisa que faria sentido numa lógica
reta mas a realidade não anda em linha reta
a realidade é uma bêbada linha bêbada
tentando atravessar a avenida às seis da tarde -
se insistíssemos, retorno, que não devemos
nos preocupar com os trabalhadores das fábricas
de morte e se tampouco nos preocupamos com
os trabalhadores das coisas da vida - a saber
agricultores pecuaristas pescadores e afins
ou mesmo com trabalhadores que envolvem
a vida como alfredo que produziu toalhas de
banho e lençóis durante toda a sua
lembremos então dos trabalhadores chineses
que produzem e modulam as nossas vidas
como um todo embora orientais embora
chineses embora o ocidente embora a distância
e mesmo embora a revolução cultural

iv.
não há estatística que demonstre a quantidade
de mortos nas fábricas de armas de submarinos
de tanques de guerra de armas de fogo de munições
de aviões de helicópteros de cassetetes de coturnos
de armas de choque de facas de canivetes de espadas
de capacetes de miras laser não há estatística que
demonstre quantos são os mortos e isso é um erro
pois é contabilizando perdas que se fecha as torneiras
do desperdício veja só quanto dinheiro seria economizado
se as mortes diminuíssem e se em vez de fabricar armas
os mortos fabricassem casas ou plantassem árvores
que interessante seria que interessante.

[06/03/2019]

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