22 de jun. de 2019

um poema para carminha
(nesse dia das mães que não passaremos juntos)


i.
quando explodiu a panela
de pressão na casa da vizinha
carminha foi quem entrou
para desligar o gás antes
que explodisse o botijão
depois descascou batatas
e pôs para cozinhar como
quem não descansa

ii.
cresci ouvindo-a cantar o
alecrim dourado, terezinha
de jesus, mãezinha do céu

[uma tristeza sempre certeira]

então cantei as canções que
eu mesmo fiz e nenhuma
alcançou aquelas

iii.
por ter perdido a mãe
por ter perdido o pai
a pobreza sem fotos
fez de carminha um retrato
singelo de saudade

iv.
é preciso também chorar
de alegria sempre que
for possível

v.
quando jovem quase afogou-se
e por isso me trata ainda
como se eu estivesse sempre
me distanciando da praia
em direção ao azul profundo.

[09/05/2018]

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