assumo que sempre invejei
o grito que o cantor solta antes
de um refrão que lhe dói seja
pelo que vai dito seja por uma
tensão entre acordes e por isso
criei uma banda que nunca serviu
para nada senão para me dar esse
prazer raro do grito antes do refrão.
assumo que me vesti de homem
muitas vezes na tentativa de ser
pai para que meu pai visse meu
filho e dissesse teu filho também
é meu filho e fôssemos ambos pais
duma criança que não veio ao mundo
nem virá seja porque o tempo é curto
ou porque esse encontro não será
possível. assumo que procuro escrever
o grande poema aquele que calará todos
os homens e diante da minha falência
frente às palavras é que continuo a
enfileirar amontoar reescrever frases e
versos contínuos que de nada valem
posto que o grande poema resulta
impossível de ser escrito, como viver
também é, como amar, como morrer.
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