eu já coube inteiro no teu
abraço forte - se fecho os
olhos, sinto as cócegas
sinto o cheiro de tua barba.
já te invejei os olhos azuis,
a obstinação operária
- esposa, filhos, casa -
embora tenha te copiado
no cigarro e na cachaça
- aprendemos os dois a
andar em linha reta, pai,
apesar de tanta fumaça.
aprendi a chorar contigo
aprendi a sorrir contigo
sei de pássaros e outros
bichos, sinto a hora da
trovoada
embora tenha me mantido
longe da fábrica, embora
não tenha feito família,
embora só tenha a escrita
por morada
te carrego nesse meu peito
fraco dizendo que sinto tua
falta talvez desde o nascimento,
mas sempre é tempo, pai,
sempre é tempo de a gente
voltar pra estrada, de a gente
dizer que se ama, de a gente
fazer do que foi melhor do
que o que está por vir
porque toda história nasce
sempre inacabada - a tua
mão na minha, teu rosto no
meu, as cócegas da tua barba.
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