estão rente ao chão as
nuvens de chuva e meu
ânimo para levantar daqui
em direção a -
: faço as mãos em concha
para beber o que permites
que te escorra
da boca
das pernas
dos poemas que mesmo que evites
- eu sei que eles te comem viva -
rente ao chão não se faz sombra
rente ao chão não se sofre a queda
: faço as mãos em concha
para te beber em goles que
recendem a leite e por isso
a vida
- como se do peito brotassem flores
- como se a colheita restasse ainda
um astro de cinema se suicida enquanto
te digo que te permitas ver mais adiante
porque são tudo projeções numa parede
branca - está e não está ali o que vemos
; está e não está ali o que temos
para dividir nessas noites longas
de um inverno como nenhum outro
poderá ser
- há um poema embaixo do teu travesseiro
e é por isso que custas a dormir há um poema
no ralo do chuveiro há um poema entre as
tuas carnes e é por isso que custas a admitir
o que é preciso deixar escoar
o que é preciso permitir fugir
que é preciso se permitir a queda
mesmo o chão já nos beijando a face.
Nenhum comentário:
Postar um comentário