30 de set. de 2009

Saideira.

eu nunca ganhei um salário tão alto e não tenho dinheiro para beber, o que somente me faz pensar que a merda é mesmo a vontade, como diz raquel, a vontade que a gente deixa de saciar e disfarça com qualquer outra coisa e se eu não bebo o que posso fazer é me masturbar continuamente até cair no sono porque amanhã eu não acordo cedo, baby, e posso pensar em qualquer besteira até o dia já estar bem clarinho e eu imaginar de forma perversa que os meus companheiros de ônibus de todos os dias não vão ter a minha companhia nessa quinta-feira de merda e de céu nublado e chuva que chove e não molha quando o trânsito às seis horas da tarde vai fazer qualquer pessoa sensata e cansada de um dia inteiro de trabalho lamentar que algum dia tenha havido algum alemão feliz no mundo.

falar de sacanagem é melhor do que fazer a tal da sacanagem porque escrevendo dá pra imaginar que se vai supor CARALHO!, será que ele fez mesmo isso ou imaginar que se dirá eu sabia! eu sabia! ou somente irá dizer mau gosto esse texto do marcelo labes e quem é marcelo labes, isso lá é nome de gente.

acontece que eram dois estudantes e eles se disseram que iam comer alguém, era quarta-feira e eles iam comer alguém, a garrafa de cachaça debaixo do braço andando pela general lima e silva a caminho do parque farroupilha mais conhecido como parque da redenção na cidade do paralelo trinta e eles iam comer alguém quando se aperceberam sentados no banco da praça o carro rodeando a praça e fazer o quê se a gente vai comer alguém que seja então um veado e aconteceu de irem ao apartamento do veado que era velejador e falava inglês fluente, as três bichas fodendo na cama. me contaram que o veado era bonito, eu não sei. mas nunca me arrependi do beijo na perimetral às sete e meia da manhã.

eu tinha pensado na cena da mãe e do filho, sim, a mãe segurando o filho, dava um conto interessante, a mãe segurando o filho quando me encarou a última vez e eu pensei na mãe excitada e como deve ser a mãe sendo mãe segurando o fato de ser mãe no colo sentir molhar no meio das pernas com uma vontade de dar e se comer que não se explica nos arautos da moralidade, acontece que se ela desse eu comia.

seguindo então essa necessidade de escrever sem lei nem regra nem tesão, somente escrever, porque personagem, meu filho, é pra gente grande, e tem gente que não cresce nunca, ainda mais depois que inventaram os empregos onde somente se precisa ser responsável oito horas por dia com plantões raros em finais de semana, duramente responsável, ar de autoridade, eu nunca desprezei ninguém. ainda mais depois que inventaram o fácil acesso a qualquer traficantezinho que te entregue cinquenta reais de pó e os bares, sim, depois que inventaram os bares, o pó e os filmes pornôs ninguém precisa realmente ser adulto se não quiser, basta se concentrar nas olheiras segunda-feira de manhã e tomar café, muito café, eu te garanto.

saudade é uma palavra que existe mais na teoria do que na prática, a gente é que segundo ana dramatiza e traumatiza conforme a necessidade do dia, quando ela me falou chovia e a gente de carro, era frio, a gente no carro e ela me dizendo que essas coisas a gente dramatiza e traumatiza conforme a necessidade, não falou de saudade, mas coube muito bem o que ela quis dizer. o coração bate forte e não há explicação alguma, eu que olhei para os meus dedos e pensei que eles ficam melhores com as unhas roídas, são dedos tortos de qualquer forma, roer as unhas tanto que faz, o importante é escovar os dentos e cortar os pêlos do nariz.

uma hora eu paro com tudo com o álcool com o pó com as unhas com as manias de querer amar quando amar nunca pôde acontecer de verdade, é só uma vez na vida que se beija um beijo com gosto de boceta e pau e cerveja e tabaco. somente uma vez e que aconteça a todo homem beijar assim, nunca mais sentirá nada parecido e vai parecer que alcançou o nirvana. uma hora eu prometo parar com tudo com o álcool o pó as unhas aquele beijo e essa merda de escrever nada que possa realmente interessar a alguém.

3 comentários:

Ras disse...

faz um livro antes ,nessa linha,que quero muito ler.

Rodrigo Oliveira disse...

Retomando aquela acidez, não? Mas esse lance de fluxo de consciência me parece novo. mistura diferente. tipo vômito com bile, acho. mas no bom sentido. se é que há bom e mal sentido. Gostei particularmente da cena da mãe segurando o filho. poderosa cena.

Costa disse...

senti um "o mundo parou, eu escrevo e pronto". É bom esse fluxo. SER por inteiro é atraente na arte. Parece que as pessoas se identificam com essa coragem de falar mesmo num mundo sem ouvidos. Parece que eu invejo isso.

já ia avançado o dezembro naquele dois mil e hum já ia também naque le dois mil e vinte os dezembros se mpre têm disso: são somas de térm in...