20 de set. de 2010

Vários poemas desencontrados....

...encontrados no Caderno Azul.

#01

Ela me disse.
(Por que, afinal,
ela me disse?)
Uma dessas pessoas
de todos os dias,
tão pessoa,
ela me disse que
me invejava
a confiança, o desprezo,
a confiança que vem
do desprezo.
E por fim ela se disse
feliz por mim.
(Só na hora de dormir
eu finalmente entenderia).


#02

Fiquemos atentos a todo
e qualquer sussurro;
evitemos, em público,
todo e qualquer suspiro.

Sequemos os nossos olhos,
(Cuidado com todo brilho!),
Fujamos de todo abraço,
Fechemos todo sorriso!

Porque, quando menos se espera,
o que era pra ser, só era.


#03

O estouro e o estrago,
que venham.
E que se vá,
vez por todas,
toda e qualquer
canção
poema
bile
arma-de-fogo.

Emudeçamos!

(Para que nunca mais
homem algum
perca-se seguindo
um perfume de mulher).


#04

O saber da chuva, sentes?
Litros e litros de chuva
em milhares e milhares
de telhados.

Nós, deste lado da janela,
estáticos,
contemplativos.

Lembrando uma canção
triste ou um nome há
muito esquecido.

Chuva tanto mais chuva
- a melancolia dum mundo inteiro
que se encerra, ironicamente,
numa boca de bueiro.


#05

Céu de brigadeiro no interior.
Muito mais bonito!
O vôo de volta será
de trevas e tempestade,
mas aqui dentro.
Ela me disse:
- Amanhã o céu deverá
estar ainda mais azul!


#06

Buscar buscar buscar
Como se já não tivesse
encontrado.
Amar, sobretudo querer,
e permitir-se saber
ser amado.

2 comentários:

Cláudia I, Vetter disse...

o seis dá tópicos pra frase que busquei e mesmo não encontrada, estufou-me de muito sentido, ainda que não querido ou completado.

aquelas coisas que não podemos escolher e que dias e dias, nos escolhem na sua sucessão fatal.

Rodrigo Oliveira disse...

Mto tarda a leitura, mas quando chega, chega com os dois pés.
#2 fodasso!
O #3 tb!
O final do #4 fez chover aqui.

já ia avançado o dezembro naquele dois mil e hum já ia também naque le dois mil e vinte os dezembros se mpre têm disso: são somas de térm in...