5 de out. de 2010

Pois bem.

eu vou muito bem, obrigado. aliás, obrigado por perguntar. a saúde vai bem, o trabalho vai bem. o que não vai bem, naturalmente, é a noite. tu sabes o quanto demora uma noite a passar. e tu sabes o que fazer? eu acho que aprendi: primeiro o jazz, depois o blues, para então redescobrir o alcalóide, para então conhecer gente nova, eu me sentia tão sozinho e de repente era tanta gente, será que fiz amigos? alguns, mas dos bons, como sempre te disse que deveriam ser, como sempre te disse.

pras noites que demoram a passar, acha-se remédio: outro dia, era dia, nove da manhã, tão cazuza, como dizem, tão assim: eram nove horas da manhã e eu caí como um pacote vazio e magro, como eu mesmo, num colchão no chão duma casa de estudantes que desistiram de estudar, como eu. só às seis (da manhã) eu pude dizer: já é dia, mas ninguém me ouviu: seguíamos numa conversa sem eira nem beira nem destinatário cujo mote, se eu me lembro, era não perder tempo.

mas tanto faz: aprendi a ganhar dinheiro eu mesmo. e te digo que, se não fosse a noite, ele sobraria aos tantos e poderíamos guardá-lo na geladeira; as moedas nas formas de gelo, como tu querias. mas há a noite e há as descobertas. graçasaobomdeus que existe, por trás de tudo, o esquecimento. não é? eu sabia que concordarias.

era hoje de manhã. pretérito imperfeito porque simplesmente faz tanto tempo. era hoje de manhã e eu pensei no saco que é pensar no que há tanto tempo se pensa. uma vez eu te fiz uma pergunta sincera, nem lembro, onde se guardava algo, letra de música, lembrei, era assim: se eu te pedisse pra guardar um segredo, onde você guardaria, talvez a obra prima do merda ouro-preto. ninguém soube o tempo que andei com essa merda de música na cabeça por causa desse verso-enigma e tu, duma hora pra outra, num tempo no meio do nada, apontou do dedo, mostrou o coração e disse: aqui!

enfim: aonde queria chegar com isso? (meu amigo, a essa hora, diante dessa pergunta, durante um falatório, no exato momento em que eu digo aonde queria chegar com isso me diz labes, pára, hora de parar, vamos embora). acho que eu tinha resolvido um enigma cujo resultado me esqueci e que, provavelmente, não vou lembrar nos próximos doze anos.

como o tempo passa...

como o tempo passa! e só me dei conta quando encontrei dover no aeroporto e ele me disse do quanto estava velho, acabado etc. e eu pensei que finalmente, finalmente me dei a idade que tenho, mas essas rugas e esse rosto que recebi da noite, pela noite, não mostram ainda nada do quanto há.

evasivamente falando, termino por aqui. por gosto, simplesmente, e por doença. e daí se eu sou assim?

2 comentários:

Clóvis Truppel disse...

Ces't la vie...
todas as noites terás perguntas e ...
ao amanhecer respostas e...
mais questionamentos...
E a noite...
quanto à noite...
ela...
é só uma criança!

Rodrigo Oliveira disse...

Acho que foi vc que acabou finalmente atualizando aquilo lá: http://roferoli.blogspot.com/2010/10/carta-labes.html

já ia avançado o dezembro naquele dois mil e hum já ia também naque le dois mil e vinte os dezembros se mpre têm disso: são somas de térm in...