dona miranda
alugou um quarto
para carminha,
de quem cuidava
como se fosse filha,
conta hoje minha
mãe.
[anos depois,
uma tarde fria,
visitaríamos seu velório
com tristezas e
ave-marias]
um dia - a luz do
século XX ainda
reluzia - dona
miranda encontrou
um companheiro,
nome já esquecido,
que construía uns
instrumentos de madeira
com suas próprias
mãos.
numa visita, encantado
que fiquei com o instrumento,
ganhei de presente o meu
próprio protótipo de violão.
em hum mil novescentos
e noventa e hum,
num colégio pobre de
meninos pobres,
subi ao palco para cantar
uma nuvem de lágrimas,
de chitãozinho e xororó.
não sabia fazer direito,
não sabia cantar direito,
não sabia tocar o instrumento
que me haviam presenteado.
dona miranda, de certa
forma, teria sido indiretamente
responsável pela minha
primeira vergonha.
por todas as outras ,
até hoje e pra sempre,
eu me responsabilizo.
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