toma aqui um poema que funciona como um abraço, uma janela capaz de diminuir o espaço, essa centena e meia de quilômetros opacos e paisagens que já conhecemos desde antes de nascermos, porque neste estado todos têm os olhos voltados para a capital.
toma aqui um poema que funciona como um abraço, remédio pra insônia, expectorante e descongestionante nasal.
faz desse poema travesseiro, cobertor de orelha, corretor ortográfico; faz desse poema um outro abraço, em retorno, um retrato de quando vínhamos em retorno e nos encontrávamos exatamente quando fechava o sinal, na faixa de pedestres perto do corpo de bombeiros.
faz desse poema um beijo ligeiro, um beijo estalado no pé do ouvido, um olhar pressentido e por isso olhado, e por isso mesmo repetido.
faz desse poema uma carta-resposta, um talão de apostas, pinta nele uma miragem: teu corpo é paisagem para ilustrar cartão-postal.
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