"Todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de partir".
Manuel Bandeira
faz três, quatro anos
(aqui dentro, quatrocentos)
trabalho na rodoviária dessa
cidade que nunca é de chegada
onde o sobrenome antecede
a mão estendida
onde as lições de partir não são
nunca lições de partida
todos os dias, a rotina:
"senhores passageiros
com passagens marcadas
para longe, longe daqui".
vejo abraços de reencontro,
ouço choros de despedidas
e permaneço, feito âncora,
na iminência de partir
(sempre na iminência de),
mas ainda âncora
que vento algum - ou enchente -
consegue extirpar da rocha profunda.
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