hoje eu queria o simples de um livro de pedro bandeira,
dos joelhos ralados, dos domingos de aniversário em que
as convidados demoravam a chegar e eu esperava sentado
no meio-fio desde logo depois do almoço.
(hoje é como se eles nunca tivessem aparecido,
não fossem os retratos maltratados no fundo de uma gaveta
triste, diria que não apareceram, nunca apareceram).
o simples de domingos de gramado quando ainda o cigarro
não deixava marcas no aparelho respiratório, nos dentes e
na face - marcada como um tronco que o machado tem preguiça
de cortar.
eu queria o simples de um poema sem pretensões de arte ou de
poesia. o simples de um dia após o outro com uma noite no meio
- bem dormida - simples a ponto de me olhar no espelho e reconhecer
ali o mesmo:
simples como um abraço de reencontro,
uma canção de rádio popular,
uma carta recebida pelo correio,
conversa de tarde inteira com meu irmão,
uma vida inteira de luiza sob a luz de outono:
a simplicidade é uma virtude de contornos
muito complexos.
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