sobre o encontro do amazonas com
o tapajós, porém
em belém fazia calor e não tínhamos
dinheiro, mas jantamos peixe amazônico
enquanto desviávamos das mangas
que nos miravam logo a cabeça;
comemos tucupi e ouvimos dos
perigos da mandioca, quase o
baiacu de joão ubaldo naquele
seu livro escrito também com
fome, vocês sabem, itaparica;
(um taxista me contou histórias
de pássaros e argumentou que
eles cantam diferente em cada
canto do país, coisa de sotaque);
ver o amazonas da janela do avião
me fez sentir tão brasileiro como
quando atravessei sozinho a praia
de itapuã à procura de nuno rau,
à espera de milton rosendo;
mas não tínhamos dinheiro e foi
seu pinga-fogo quem me depositou
uns trocados para comprar cigarro;
santarém é um pedaço de mundo e
não mundo: é terra com água, mais água
que terra, e quando vi de perto o enlace
dos rios quis abraçar meu amigo milton
rosendo e lhe dizer que assim éramos nós:
dois rios que se tocam, duas correntes,
duas cores, duas temperaturas, que acabam
por se tornar um só rio logo adiante
força imensurável de águas, mas isso
é impossível, porém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário