25 de nov. de 2023

poema só para Claudia Lage

bonito mesmo é ver que por trás
do sorriso nas fotos havia muitos
outros, embora sorrir seja lá forma
de disfarçar tudo quanto se mantém

escondido em algum canto: eu ainda
velava meu pai morto enquanto os
mortos da casa de petrópolis não eram
ainda os mortos de petrópolis que
 
vimos ser soterrados ao vivo nos canais
de televisão. bonito mesmo é saber os
nomes dos teus como se os conhecesse
exatamente porque os levas contigo aonde

fores. seja em tlaquepaque, seja numa
capela incrustrada dentro do aeroporto
no panamá - onde quase consegui fumar
um cigarro. e quem diria - eu não - que

que haveria ainda um reencontro antes
de o ano acabar - vimos o arrigo, e que
coisa isso não querermos uma foto (a
memória sempre tão mais bonita), e
 
quando te disse vou ali fumar um cigarro
num canto do palácio, rimos novamente,
porque onde já se viu querer fumar dentro
de uma capela, embora em algum momento

deva ter sido comum, como comum também
foi matar pessoas, como é comum que elas
morram em nossos braços, como é comum
sorrir à larga apesar de tudo isso que aí está.

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