25 de nov. de 2023

poema só para o Tiago Ferro

naqueles dias em que caminhamos por
guadalajara observando os fuzis da polícia
e os protestos e os prédios históricos
compramos lembranças no mercado público
enquanto velávamos nossos mortos mais
próximos enquanto eu dizia que fôssemos
ver o sítio arqueológico asteca. naqueles dias
em guadalajara em que tudo ficou tão claro:
vargas, perón, porfírio díaz, a mesma maldição
por todo lado, embora a simpatia das pessoas e a
comida apimentada (eu nunca paguei a senhora
que me serviu fora da hora da janta). e eu querendo
ver o sítio arqueológico asteca, embora tudo bem,
pois eu nunca tinha apertado a mão de um embaixador
e nunca tinha falado castelhano por tanto tempo
mesmo enquanto íamos a tlaquepaque ou enquanto
rumamos para chapala eu me perguntava quando
seria, e o vento, o vento me dizia que fôssemos
embora porque também invasores porque também
detratores. e eu, que queria visitar o sítio arqueológico
dos astecas fiz logo as malas, e se não te contei nada
disso foi porque faltou tempo ou porque as horas se
encavalaram umas sobre as outras, também os
minutos.

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