22 de out. de 2010

O porquê.

vamos conversar, então, e vamos falar de nossas vidas, de literatura, vamos falar das minhas idas solitárias para longe e para dentro de nós mesmos, vamos falar porque temos ou não assunto e conversas sobre falta de assunto sempre me interessaram tanto. onde paramos?

i´m so high, babe, não muda isso, voaremos sempre cada vez mais alto até a derradeira queda, por que não?, fazemos promessas e mais promessas de viver uma vida reta e justa e honesta e sobretudo com amor, mas não há espaço para o amor nas alturas, o que nos resta, volta e meia, é a solidão dos dias em meio de semana, quando não se sabe para onde fugir e exatamente quando se nos acabou o pouco dinheiro que tínhamos uns dias atrás.

não pensar. nunca mais pensar num roteiro de texto, na moral, nas saídas e personagens. por isso escrevo antes que as palavras possam ser pronunciadas, cada vez mais rápido, e ver aqui surgindo as letras sem saber exatamente aonde vão dar essas letras, ora essa!, as letras formam as palavras - resposta simples - e as frases formadas pelas palavras quem sabe o que poderão querer dizer.

eu peco nas lembranças e a terapeuta gostosa de minha pré-adolescência certamente me diria que se trata de obsessão por um passado claro, todavia obscuro, que não sei mais embaixo de que escombro eu preciso esconder, já que debaixo do tapete não adiantou de nada, vou tudo revisto e ressentido quando mamãe o levantou para passar aspirador.

o tamanho da neurose? havia um tempo, havia uma mulher. sempre isso: havia um tempo e neste tempo uma mulher. muitos tempos, muitas mulheres, cada uma preenchendo um espaço dentro disso que se pode chamar eu mesmo, nós mesmos, somos sempre tantos, enfim.

rever pessoas queridas, esquecê-las - ou tentar esquecê-las, nunca se vão. nunca mais soube de marina nem de dani nem de dover nem de sid, por onde andam? sinto tanta saudade de tanto, nunca consigo telefonar: ou faltam créditos ou falta coragem, uma coisa de cada vez, uma luz intermitente.

vamos conversar, então. a conversa não cessa. sempre eu falando comigo mesmo e contigo. sempre a nossa conversa em que eu falo por mim e por ti. sim, eu preencho as tuas palavras e dali saem palavras minhas, como não poderia deixar de ser. se eu soubesse o que dirias, não te precisaria, mas é exatamente o contrário, entende?

nem eu. fica por isso mesmo. vamos conversar qualquer hora dessas, vamos beber qualquer hora dessas, vamos voar uma hora dessas, mas nunca agora, que o agora nunca chegue, porque a falta é que é o natural; sentir presença é aguardar novamente a ausência, ciclo cíclico mesmo, sem ter para onde correr. então eu sinto a tua falta, as tuas faltas, vocês me fodem com isso de se sumirem, mas eu entendo. vou eu também sumir. vai que te encontro. vai que me encontro. vai que nos encontramos todos de uma vez só.

aonde? quando?

falta saber o porquê.

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