6 de jul. de 2011

Férias desse Blog.

já não é mais possível escrever, como outrora não era possível se afogar, há um tempo para tudo nessa vida e esse tempo, parece, terminou aqui.

quando de falações, nenhuma surpresa: enojei-me. tenho ainda setecentos exemplares encaixotados e um débito junto ao fundo municipal, mas o livro existe, não roubei o dinheiro para pagar o aluguel. por que não roubei o dinheiro para pagar o aluguel? talvez que tudo estivesse certo e não mais onde isso vai dar.

então voltar ao blog - blog foi o primeiro caderno de muita gente, eu tenho dois cadernos onde escrevi até a última página, era início dos anos 00, quase ninguém lembra - para exercitar e promover (?) e fazer pensar, porque a gente precisa viver junto / a gente precisa sofrer junto / a gente tem mesmo é que se foder.

mas porque simplesmente não dá. saio de casa com um romance engatilhado, volto para casa com mais cinco livros que talvez eu leia, talvez nunca mais, queria saber dos livros que não estão aqui, promover um assalto às bibliotecas, por que não? voltaire, eu repito, é um bundão, mas consegue ser exemplarmente interessante. há quem não consiga ser, como eu.

por exemplo: não, sem exemplos. mas para escrever há que se ter consigo aquela calma do artesão. eu tenho somente o medos dos últimos minutos do soldado na trincheira, como se a qualquer momento bam!, e lá se fosse minha vida, toda minha juventude e os mistérios que ela trouxe consigo.

é diferente escrever poesia de escrever canção, mesmo que me venham gargalhar que caetano isso e etc e tal. gessinger fez muito bem com o que fez e renato russo só queria mesmo era compartilhar angústia. muito obrigado: tomei grandes goles dessa tua náusea.

agora pensar no que tanto faz, porque ninguém mesmo pensa ou tem alguma paciência para pensar junto, mas vamos aos fatos: meus heróis não morreram de overdose, nenhum deles, aonde foi que cazuza buscou esse verso frouxo? eram tempos de abertura e de blitz e ser viciado era ser diferente? olha a minha bandeira, que bonita!

escrever canções que cheguem a ser ouvidas, é o que importa. porque não acredito em one men bands nem tampouco em violão e voz, não acredito no caetano cantando sozinho enquanto eu me arrebentava de chorar: uma grande mentira.

escrever canções e tentar cantá-las, porque se a voz não embarga são as mãos que tremem, é a boca que seca, é a minha dança de vaga-lume que quer voar mais alto, mais alto, aprendi a dançar somente com os braços; as pernas já carregam peso suficiente. não o meu, o da minha culpa.

limites territoriais e desacertos: quando te encontro? só por acaso, de surpresa, com sorrisos amarelos e falta do que dizer, muito o que dizer, um olá distante, um abraço equivocado, é assim que as coisas são, o mundo anda para não se sabe onde.

mirisola há de morrer também. talvez que o leiam depois disso. eu queria encontrá-lo como quis um dia encontrar com o amarante, um churrasco na casa de quem sabe. mas mirisola há de morrer e talvez que lhe dêem alguma atenção e talvez que eu consiga alguém para conversar sobre ele, mirisola, o maior autor vivo que caminha por aí, come, caga e peida e ainda tem tempo para a literatura.

eu cansei da literatura porque, acho, ela cansou antes de mim. ainda, sim, poema ou outro e textos para ninguém entender.

melhor o silêncio.

3 comentários:

Rodrigo Oliveira disse...

há no silêncio um quê de valia que suplanta todo verso.
mas há, também, a falta.

E uma honra estar ali ao lado, junto ao Falações.

Abraço, sem mais palavras por hora.

Michel disse...

você sabe de minhas limitações em tentar se expressar, em apalvras nao consigo dizer o que entendi... mas a angustia de nausea sempre seram bem vidas !

Andréia Peres disse...

muitas vezes "descordo" de você, talvez por não sentir o mesmo (momentos diferentes, talvez)...
mas hoje, você foi fantástico!
sem mais

Miu

já ia avançado o dezembro naquele dois mil e hum já ia também naque le dois mil e vinte os dezembros se mpre têm disso: são somas de térm in...