não era mesmo pra fazer sentido, afinal o que se ganha se perde e de uma hora pra outra a gente fica pensando nas merdas que fez e que sempre e sempre voltará a repetir.
não era mesmo pra fazer careta com o gosto azedo do limão, com a benzetacil enfiada no músculo, com a extração de dois dendes de siso (um deles incluso).
não era nem pra pedir carinho ou colo, nem pra sentir saudade, não era pra fazer cara de choro e entregar antes de todos o presente surpresa do aniversário de minha mãe.
não era pra remexer as fotos. não era pra queimar os cabelos. não era pra isso, não era praquilo, não era nada.
nem era pra pedir perdão: a faca afiada cortando o pescoço da galinha, abrindo o bucho do porco, as tripas todas expostas naquele dia em que vomitei jaboticaba pelos cotovelos e me caguei todo.
a infância era um tempo bonito, mas nunca foi.
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