Que estamos enlouquecendo
já não há novidade senão
que tudo acontece
muito lentamente
: a surdez seletiva
tornou-se escudo
e já não ouvimos
o óbvio, os sussurros
já não ouvimos
quando chamam nosso
nome como terá sido
por aquela mulher, mãe ou não,
com uns olhos repletos
de amor e cuidado
: já não somos
mais que meninos
perdidos num filme de
Spielberg dos anos oitenta
; mesmo que pouco ou
quase nada tenhamos
vivido dos oitenta,
mas que importa?
falta o passo para o salto
final,
falta o passo para fora do
cadafalso,
falta o passo para sair
daqui
e faltam o pés para dar este
passo
: se à noite tememos
ir ao banheiro é por causa
do monstro que vive dentro
dentro do espelho
que surge
violento e certeiro
sempre que
acendemos a luz.
enlouquecemos
pouco a pouco
mais um
pouco já nada
perceberemos
e estas serão
para sempre
indefinidamente
horas iguais.
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