em 1994 eu não abri a porta
pro pai entrar em casa e disso
resultaram dez anos de casa
sem pai - a culpa deve ter sido
minha - e a sensação estranha
de que o pai existia mas tinha
ido embora sem despedida
em 2001 enquanto meus
amigos nos despedíamos
de três anos de internato
(choramos dores que ainda
não tínhamos, inauguramos
uma dor nova aquele dia)
eu descobria que se despedir
dói mas serve pra escrever
hoje eu queria que esse dia
durasse o tanto daqueles dez
anos sem o pai, o tanto daqueles
três anos de poemas, violões
e beijos de língua sob as árvores
na praça central da escola
evangélica
mesmo que disso resultasse
escrever mais nada
porque o texto pode esperar
porque o texto pode esperar
porque o texto pode esperar
enquanto a vida se alarga.
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